A comunidade foi fundada em 1966. Passam perto o Córrego Rio Preto e o Córrego do Macaco. O número de famílias era mais ou menos de 100, mas no bairro moravam 400 famílias. A maioria da população do bairro não participava de nenhuma Igreja. Havia algumas na Igreja Batista e na Assembleia de Deus. Na comunidade havia um grupo de jovens, quatro turmas de catequese e um grupo de adolescentes.
A igreja era de tábuas, de 12x8 metros, com um pequeno cômodo pegado a ela, de tábuas também, onde aconteciam as reuniões. Toda a área da comunidade era da Companhia Cobraice.
Quem dirigia a comunidade era a Diretoria, com a liderança. Havia o presidente, o vice-presidente, o tesoureiro, o secretário e os animadores que eram: dirigentes de culto, dirigentes de grupos familiares (hoje grupos de reflexão), catequistas e fiscais (para a disciplina durante as reuniões).
Eles contaram esta história em 1977:
“Em 1966 passamos muitas dificuldades. Faltava o lugar para se reunir, faltava a condução e por isso faltava a visita do padre. Também não tinha estrada. Então, pelo Diretor da Companhia Brasileira de Indústria e Comércio, Dr. Ivo Duriqui, foi criada uma doação de 100 litros de gasolina por mês para facilitar a visita do padre, que neste tempo a Missa era celebrada pelo Pe. Franco Rinaldi Ceroni e o Pe. Alexandre Preda, Combonianos. A Missa era no Bar Restaurante.
Em 1967 passamos a nos reunir no Grupo Escolar, mas tinha falta de pessoas para se reunir. Era preciso sair na rua chamando o povo para vir à Missa, através de sineta ou alto falante.
Então, depois da renovação da Igreja, o Pe. Tiago Ghese, Missionário de Maria Imaculada, se esforçou bastante e o povo se uniu e fizemos um pequeno grupo de pessoas que se dedicava para manter o culto da Palavra de Deus.
De 1967 a 1971 nossa comunidade teve mudança de vários padres. O Pe. Tiago saiu e veio Pe. Noé Tamai que nos animou um pouco, porque demorou pouco conosco. Veio o Pe. Italo Tonon, nos animou um pouco e foi embora. Veio Pe. Luciano Marini, Comboniano, que nos conscientizou bastante e foi criado pelos conselhos dele uma diretoria, a saber: presidente: José Teodorico Lopes, vice: Jose Gomes da Silva; secretário: Henrique Nestor dos Santos; tesoureiro: Maurin Stofele.
Então, com esta Diretoria, conseguimos animar o povo, e mais animado ainda depois que recebemos a Visita Pastoral de Dom Aldo Gerna pela segunda vez, que veio nos animar, esta visita foi no dia 06 de abril de 1975.
Então já tínhamos bastante gente que se reunia, ao ponto que o nosso bispo teve encontro com 113 crianças, 70 jovens e 206 adultos. Depois desta visita pastoral foram criados cinco grupos de reflexão. No dia 12 de abril de 1975 estes cinco grupos aumentaram para 10 grupos, nascidos dos cinco anteriores.
Então de 1971 para 1975 tivemos mudança de Pe. Luciano para Pe. Antônio Pianca. Construímos uma igrejinha simples de tábuas, mas bem organizada. Antes tinha um projeto pelo diretor da firma de fazer um templo ecumênico suntuoso que tinha a finalidade de receber todas as religiões. Então não apoiamos e nem o Pe. Luciano, por isso não foi à frente.
Depois foram criados o Dízimo e as Ofertas, e a nossa comunidade achou que o padre não devia mais aceitar os 100 litros de gasolina, porque assim ele ficava como um funcionário da firma. De fato, a firma achava que podia chamar o padre para rezar uma Missa sem falar nada com a comunidade. Tudo o que nós fazíamos, decidíamos primeiro em reunião. Então nos reunimos também para decidir sobre o assunto da gasolina. E achamos que se a Cobraice quer ajudar a comunidade, devia fazê-lo diretamente, e não dando gasolina ao padre.
O povo ainda não entende bem o sentido da comunidade, e acha que o padre dever tudo o que eles querem. Então a comunidade, de acordo com o Pe. Balbino Rodrigues, recusou a gasolina da firma, e o padre não foi mais encher o tanque.
Hoje em dia nos reunimos na nossa igrejinha inaugurada no dia 25 de maio de 1975, mas aqui também não nos sentimos ainda livres, porque o terreno pertence à Cobraice e não sabemos se vamos conseguir o documento. Nós vamos pedir. Se a firma recusar compraremos outro terreno”.
Além do que foi relatado pela liderança acima, lembramos que nossa comunidade tinha iniciativas sociais: Registro de crianças e adultos que ainda não têm este documento, organiza casamento civis, faz campanha do filtro, de cobertor e do quilo, promove um curso de corte e costura, coordenado pela leiga consagrada Ana Gava, de Pedro Canário, constrói barracos para pessoas desabrigadas e lutamos por uma creche e por uma escola de datilografia.
Fonte: Secretariado Diocesano de Pastoral. Apostila mimeografada com a história das comunidades da paróquia de Conceição da Barra por ocasião dos 25 anos da diocese, 1982.
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